sábado, 21 de março de 2020

Comentários sobre as críticas de Giulio Gino Rizzo

Conheci Giulio Gino Rizzo (GGR) no início do tempo (1995-2011) em que dirigi o Sítio Roberto Burle Marx (SRBM). Foi levado lá pelo Haru (Haruyoshi Ono) e, talvez pelo fato de ter escrito um catálogo para uma exposição de Burle Marx na Itália, disse que queria várias plantas raras.
Encontrei alguns soi-disant amigos de Roberto Burle Marx (RBM) que, em vista desta alegada condição, pretendiam privilégios no Sítio. GGR foi mais um.
Obviamente não pude fornecer as plantas demandadas, pois eu era apenas diretor, não dono delas.
Também mais de uma vez descobri críticas ao meu trabalho no Sítio muito depois de serem escritas. Talvez exista algum motivo digno para o fato de meus detratores não enviarem suas objeções simultaneamente a mim, mas desconheço.
No caso de GGR só tomei conhecimento de sua animosidade agora em 2020, por acaso. Navegando na internet, descobri que ele se deu ao trabalho de escrever um livro, publicado em 2010, Il giardino privato di Burle Marx: il Sítio, em que critica extensamente minha gestão como diretor. GGR diz, inclusive, que sua motivação para escrever o livro está relacionada com a minha atuação.
Vou tentar esclarecer por que ele está errado nessa crítica a mim, na avaliação da obra de Roberto, na própria concepção sobre o que é Paisagismo e naquilo que ele entende por ética.
Ao me preparar para essa desagradável tarefa, lembrei-me de uma expressão que nosso mestre Roberto costumava usar: embarrassement de richesse. Assim caracterizava um estado de espírito que às vezes o invadia durante a escolha de plantas de nossa flora para um projeto. No caso presente, o embaraço se dá pela profusão de erros de toda ordem que GGR comete. Praticamente todas as frases de suas críticas mereceriam um esclarecimento.
Sei que, passado tanto tempo, falar disso pode despertar uma atenção que o livro de GGR não merece, mas acho que algum esclarecimento precisa ser feito, afinal esta é uma oportunidade de dirimir suspeitas que talvez não sejam só de GGR.
Portanto, ao trabalho.

1. Cartas patrimoniais. 
Durante sua visita - segundo ele em 1997 - GGR não fez crítica alguma e muito menos me perguntou onde me baseava para cuidar do Sítio. Tampouco declarei que usava a Carta de Veneza, mas é isso que ele afirma em seu livro.
Tanto a Carta de Veneza quanto a Carta de Florença são documentos cheios de excelentes intenções, mas foram feitos para regiões mais frias, onde a vegetação não cresce com a velocidade que tem em nossas latitudes. No meu entender, muitas das recomendações nelas contidas são transposições literais de procedimentos mais adequados a arquitetura e obras de arte estáticas.
Além disso, pecam num aspecto: a delimitação do indelimitável – quais são as ações que podem ser consideradas rotineiras (e, portanto, dispensadas de consultas a comissões oficiais de especialistas) e quais não?
A impressão é de que seus autores eram acadêmicos que nem em sonhos tiveram a experiência de gerenciar um patrimônio paisagístico tropical.
Se o gestor de um parque no Brasil tivesse que seguir, com o rigor que GGR pretende, todos os procedimentos burocráticos preconizados nas citadas Cartas, esgotaria rapidamente a verba da manutenção e ficaria louco. Aqui, um diretor deve ser semelhante a um técnico de futebol: acompanhado por uma comissão que avalie seu desempenho. Caso o time comece a perder, demite-se o técnico. No SRBM era assim: havia um conselho de notáveis – conhecedores de todas as Cartas – que poderia exigir minha cabeça a qualquer momento.
Esta é a fórmula que funciona. Nada de consultas, a cada passo, a entidades superiores (que muitas vezes não sabem do que se trata, ou não teriam encarregado um diretor para resolver os problemas) – inevitavelmente acompanhadas de documentações exaustivas. A natureza não espera e, na maioria das vezes, se quisermos evitar a perda do patrimônio, a decisão tem que ser rápida.
Na analogia proposta, se algo semelhante às Cartas citadas fosse aplicado a um time de futebol, o técnico teria que consultar a diretoria do clube na hora de substituir um jogador machucado, enviando um laudo médico e as radiografias correspondentes. Obviamente, isso não funcionaria.
A propósito, transcrevo uma portaria oficial, emitida por Maria Elisa Costa, a presidente do IPHAN que melhor entendeu o Sítio, provavelmente porque seu pai e mestre, o Dr. Lucio Costa, foi o grande amigo que “descobriu” o paisagista em Roberto e o encaminhou na carreira.
Portaria n.º 051 de 17 de fevereiro de 2004. A Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo Anexo I ao Decreto no 4.811. de 19 de agosto de 2003.
  • Considerando que o Sitio Roberto Burle Marx é uma unidade atípica no conjunto dos museus e unidades especiais do IPHAN:
  • Considerando que não se trata nem de unidade de preservação ambiental, nem de jardim ou parque. mas de um laboratório botânico-paisagístico;
  • Considerando que é importante que a gestão do Sitio esteja em mãos de Robério Dias, que trabalhou e conviveu diretamente com Roberto Burle Marx durante anos:
  • Considerando que Robério Dias, com a colaboração e a supervisão do Conselho do próprio Sitio, em razão de sua larga experiência, tem condições de discernir sobre o que e como fazer a gestão no Sítio.
RESOLVE designar Robério Dias para elaborar e formatar o plano de gestão e indicar os critérios de preservação do Sítio Roberto Burle Marx.
Quem quiser saber como ficou o plano de gestão elaborado pelo Conselho do SRBM e por mim, pode acessar o link TOMBAMENTO .

2. Acervo botânico. 
GGR afirma que o Sítio perdeu muitas espécies de plantas e baseia a suspeita de que o culpado sou eu em alguns rascunhos incipientes, considerados por ele um levantamento florístico confiável. GGR diz não entender por que eu não achei estes rascunhos no Sítio. A resposta é simples: porque eles não estavam lá para serem achados. As listas apresentadas por GGR em seu livro não foram colocadas à minha disposição.
Além disso, entre a morte de Roberto e o início de minha gestão, 17 meses se passaram, nos quais muita coisa pode ter acontecido. GGR não examina a hipótese de que alguns recursos botânicos e documentais possam ter sido transferidos para outros lugares no tempo em que o Sítio ficou acéfalo.
GGR tenta contrapor tais rascunhos rasurados, imprecisos, feitos à mão livre, sem qualquer método, ao inventário preciso, digital, georreferenciado, que estávamos fazendo sobre a realidade existente, com a ajuda de vários botânicos especialistas.
Para acusar, GGR não conferiu se as espécies e gêneros “desaparecidos” faltavam realmente ou se ainda não tinham sido registrados.
A propósito, nosso trabalho já contava com mais de 1.800 árvores e palmeiras localizadas e identificadas, mas estava ainda longe de ser concluído e creio mesmo que nunca será, devido ao tamanho da empreitada, a novas aquisições e a mudanças acidentais ou necessárias que ocorrem frequentemente.
A verdade é que a quase totalidade das espécies e gêneros supostamente faltantes estão lá no Sítio para quem quiser ver.
Além disso, a ignorância botânica de que GGR padece é evidente, pois, embora seja verdade que hoje não existam mais no Sítio os gêneros, reclamados por ele, denominados Arikuryroba, Chrysalidocarpus, Diplothemium, Neodypsis, Polyandrococos, Veitchia e vários outros, isso se deve a que a comunidade botânica internacional decidiu abolir esses nomes da Taxonomia. Tais espécimes continuam lá, mas seus nomes foram mudados, ou incluídos em outros gêneros para aperfeiçoamento da classificação filogenética. Arikuryroba hoje é Syagrus; Chrysalidocarpus e Neodypsis hoje são apenas Dypsis; Diplothemium e Polyandrococos passaram a ser Allagoptera e o nome Veitchia virou Adonidia. Está claro que GGR não se deu conta disso antes de empreender seu ataque.
A origem de algumas ausências pode ser também devida a que o nosso inventário identificou alguns espécimes de forma diferente. Por exemplo: a Arenga caryotaefolia, no inventário antigo, é a mesma Arenga aculeata do novo. Isso não configura uma falta, mas discordância na identificação.
Outro erro de GGR é a implícita suposição de que todas as plantas do Sítio, uma vez plantadas, vivam para sempre. Não passa por sua cabeça a possibilidade de que algumas não se adaptaram ao novo ambiente e sucumbiram pouco tempo depois que Roberto as trouxe, embora “sobrevivessem” nas listas da época. É o caso da Nypa fruticans, por exemplo, da qual temos notícia que foi plantada no manguezal do outro lado da estrada, mas eu mesmo nunca vi nem vestígios no lugar. É claro que é mais provável tratar-se de uma experiência que não deu certo. GGR a certa altura diz:
... o Sítio, na minha opinião, está ficando mais pobre. E a comparação entre os dois inventários, na minha opinião, prova isso.
Como pode um professor universitário achar que uma comparação entre inventários inconclusos serve para verificar se há mais ou menos objetos num lugar? Qualquer pessoa de bom senso sabe que inventários não provam a existência ou inexistência de coisa alguma.
GGR esteve no Sítio em 1997 e até a publicação de seu livro não voltou lá para averiguar se o que escrevia era verdade. O desprezo dele pela realidade – indivíduos vegetais plantados no terreno do Sítio – é tal que ele se permite acusar baseado apenas na comparação de listas – meras palavras escritas em papéis – que, além de incompletas, são passíveis de erros de identificação, localização, atualização etc.
Mesmo que eu fosse um dendroclasta maluco e quisesse, não conseguiria eliminar as espécies do Sítio que GGR quer colocar na minha conta. Devo dizer que, ao contrário, a coleção de palmeiras foi acrescida, durante minha gestão, das seguintes espécies: Metroxylon warburgii, Archontophoenix maxima, Astrocayum alatum, Bactris militaris, Bentinckia nicobarica, Brahea armata, Carpoxylon macrospermum, Caryota no, Dypsis onilahensis, Beccariophoenix madagascariensis, Borassus aethiopum, Borassus flabelifer, Hyophorbe indica, Johannesteijmannia altifrons, Kerriodoxa elegans, Latania loddigesii, Livistona decora, Livistona mariae, Prestoea nudigera, Ptychosperma caryotoides, Raphis multifida, Ravenea hildebrandtii, Siphokentia beguinii, Thrinax radiata, Trachycarpus wagnerianus, Wallichia densiflora etc..
Esse acréscimo se deu, não porque nos empenhássemos nisso, mas por contribuições que não fomos capazes de recusar, em memória de Roberto que jamais rejeitaria novos e tão valiosos itens para sua coleção.
Outras famílias botânicas também tiveram acréscimos. Depois da doação, Roberto adquiriu uma chácara de talvez uns 50.000m², adjacente ao Sítio, para continuar exercendo sua profissão como sócio do Haru em Burle Marx & Cia. Ltda, pois nunca deixou de projetar e executar jardins comercialmente. Nesta chácara havia algumas plantas, recém-introduzidas, que já estavam sendo usadas nos projetos e que não tinham motivo algum para não figurar também na coleção do Sítio. Portando, as fantásticas Polyaltia longifolia, Bombax malabaricum, Clerodendron quadriloculare, Ludwigia sedioides etc., depois de entendimentos com a firma citada, foram acrescentadas ao acervo do Sítio.

3. Nomenclatura. 
Por incrível que pareça, GGR encrencou com os nomes que dei aos polígonos em que o Sítio foi dividido!
Na criação de uma base sobre a qual pudéssemos trabalhar, elaboramos vários mapas temáticos. Um deles dividiu o Sítio em quadrados de 50m de lado, outro segundo a declividade, outro segundo a insolação e assim por diante, seguindo as lições de McHarg, em vários temas diferentes que, combinados em aplicativos ad hoc elaborados, auxiliam no gerenciamento daquele patrimônio tão precioso.
O mapa temático dos polígonos, no qual o terreno foi dividido segundo feições reconhecíveis a olho nu, não seria tão útil sem uma nomenclatura a que nós, que cuidávamos do acervo – jardineiros, guardas, guias, técnicos e diretor – pudéssemos nos referir. Conhecer os nomes dos polígonos nos poupava o trabalho de ter que mostrar fotos, mapas ou ir pessoalmente ao local. Assim sendo, esses nomes são qualquer coisa que nos ajude na conservação, manutenção, proteção, fiscalização etc. Bastava que tivéssemos uma linguagem comum.
Os nomes escolhidos para os polígonos delimitados neste mapa foram, em primeiro lugar, aqueles que já existiam, como Carrasqueira, Largo do Cascalho, Santa Luzia, Casa de Pedra, Barracão etc. São nomes referidos por Roberto e por todos do Sítio. Em seguida vêm os nomes que Roberto criou, como Sombral Graziela Barroso, Sombral Margaret Mee, Pérgula da Flor de Jade etc. Por fim, os que tivemos que inventar na hora e que fomos assimilando com o passar do tempo. A razão foi eminentemente prática, funcional e interna.
Seguindo o exemplo de Roberto, associamos a cada um dos polígonos-sombrais nomes de pessoas que ele reverenciava, tinha amizade ou que trabalharam para o engrandecimento do Sítio. Mas nunca houve a intenção de oficializar nada, nem fazer cerimônias com descerramento de placas ou coisas do tipo.
Quanto aos demais polígonos, seus nomes se ligam a alguma coisa que o lugar evocava, sem muita preocupação. Se GGR não conseguiu ver esta relação, bastaria me perguntar. Em vez disso, para criticar alguns nomes ele teceu considerações históricas, etimológicas, antropológicas e até psicológicas, mas atinge o auge quando se refere ao polígono intitulado Cenário de Montezuma, dizendo que o chefe asteca não tem nada a ver com o Sítio:
Por exemplo, o que tem a ver o Sítio de Roberto Burle Marx com dar a uma parte sua o nome Cenário de Montezuma? Nada mesmo! A área atribuída a este lugar, de onde um belo panorama é observado, não tem nada a ver com um dos dois imperadores astecas que tinham o nome Montezuma e que reinaram sobre o México, o primeiro na virada do século XV e o segundo nos primeiros vinte anos do século seguinte. Mesmo a etimologia original de Montezuma não ajuda a entender por que esse nome foi escolhido para este lugar do Sítio. Na verdade, Montezuma, na língua asteca Motecuhzoma, significa "o que se torna chefe com raiva". O lugar escolhido não tem nada de "raiva"!  É, portanto, um arbítrio absoluto, uma liberdade que o diretor do Sítio tomou sem ninguém autorizar! Ou, subconscientemente, pensou em quanta raiva ele colocou em se tornar diretor do Sítio, prevalecendo, sim, sobre outros pretendentes para este posto!
Esclareço que Montezuma designa um gênero de Malvaceae! A estrada que vai da cota 50m em direção à parte mais alta do Sítio tem um lado plantado com vários exemplares da linda árvore chamada Montezuma speciosissima  e o conjunto situado nesse polígono forma uma parede verde, às vezes florida, que evoca um cenário teatral.

4. Nomeação. 
Na última frase da citação anterior, GGR insinua que eu talvez tenha forçado minha nomeação para ser diretor, passando por cima das ambições de outros! Nada mais longe da verdade!
O que ocorreu foi o seguinte: logo após o falecimento de Roberto, o presidente do IPHAN na época, arquiteto Glauco Campello, resolveu chamar José Tabacow, ex-sócio de Roberto, para o cargo. Quanto a mim, em 1985, depois de concluir minha participação nos trabalhos que a doação do Sítio à Fundação PróMemória (hoje IPHAN) envolveu – reuniões, consultas a advogados, elaboração de estatutos, criação da entidade chamada SRBM etc. – afastei-me do “trem da alegria” formado pela distribuição de empregos na entidade recém-criada e só fui convidado em 1995, mais de um ano depois da morte de Roberto, pelo próprio José Tabacow e, mesmo assim, depois que ele o ofereceu a outras pessoas que não aceitaram a responsabilidade. Portanto, não precisei de nenhuma raiva, muito menos montezumiana. Fui chamado, talvez, pelos méritos que ninguém menos que o próprio Roberto viu em mim, documentados em entrevista concedida a Guilherme Mazza Dourado, publicada na Revista Projeto nº 146 de outubro de 1991:
O paisagismo é uma profissão relativamente nova, em que muita coisa está sendo experimentada. Sempre me interessa qualquer trabalho bem-feito. Tenho amigos que estão fazendo jardins muito bem. Diversas pessoas que estiveram no atelier estão trabalhando, como o Chacel, o Leandro Silva Delgado, do Uruguai, que faz jardins otimamente; tem um artista de primeira qualidade na Colômbia, o Leiva, que conhece bem a profissão. Por esses tenho admiração, porque sabem e procuram fazer da melhor maneira possível. O Robério, que trabalhou comigo, conhece muito bem dos problemas relacionados ao jardim. Creio que já deixei algumas sementes, que irão brotar e completar muitas ideias que eu talvez não tive capacidade de realizar.
Diga-se de passagem que, com referência a paisagismo, poucos de seus discípulos foram documentadamente elogiados por Roberto. Eu havia deixado de trabalhar com ele em 1981 e isso desencoraja quem quer que pretenda insinuar que o elogio não foi espontâneo.

5. O caso da figueira. 
GGR resolveu criticar um artigo bem humorado que escrevi para leigos, numa série intitulada Estrelas do Sítio Burle Marx e que pode ser acessada em ESTRELAS .
O artigo trata de uma figueira monumental – Ficus mysorensis, var. pubescens – que fica num lugar de grande exposição, central no SRBM. Essa árvore possui raízes espetaculares, mas que estavam invisíveis, cobertas por uma arácea trepadeira, muito vulgar no Rio de Janeiro, chamada Syngonium podophyllum (pé-de-galinha).
A remoção da trepadeira corrigiu a ocultação das formidáveis raízes.
Roberto, em sua prática, nos ensinava princípios paisagísticos e alguns deles eram fundamentais, embora muito simples, como: não se mostra o que é feio e não se esconde o que é belo
Não sei se GGR tem conhecimento destes princípios, pois defende que as raízes da monumental figueira deveriam permanecer cobertas pelos pés-de-galinha! Seu argumento principal é que, do contrário, a figueira poderia morrer. Isto é: ele prefere esconder a expô-la a um risco que só existe em sua mente.
Há vários erros nisso.
Alguém que se diz conhecedor de paisagismo, antes de criticar, deveria alicerçar suas opiniões com algum fato objetivo acontecido na história do mundo, a referência de uma figueira, ou de uma árvore qualquer, morta pela retirada da trepadeira que lhe escalava o tronco. Mas GGR opta pelo ecologismo retórico e demagógico que assola a humanidade atualmente. Garanto, no entanto, que é mais fácil o pé-de-galinha matar a figueira, ao produzir um microambiente favorável a patógenos, do que a imensa árvore morrer por se livrar de uma trepadeira que nenhum bem lhe causa. A esse respeito o Dr. Jorge Pedro Pereira Carauta – que foi talvez o maior especialista em figueiras no Brasil – diz em de sua tese de doutorado, intitulada Ficus (Moraceae) no Brasil: Conservação e Taxonomia, defendida na Universidade Mackenzie, São Paulo, em 1988, e publicada na revista Albertoa, 1989, Vol. 2, pag. 319: 
Como parêntese, convém que seja referida a maior praga das figueiras em cultivo nos parques e áreas urbanizadas: o péssimo hábito de plantar aráceas na base, a título de “ornamentação” do caule. Isto ocasiona uma série de problemas, a começar pelo fato de esconder a característica mais importante da espécie, que é seu tronco escultural. Uma árvore que poderia viver mais de 100 anos morrerá por volta de 10 anos, a partir do momento em que foi plantada a arácea.... A morte da figueira é provocada pelo fato dessas aráceas terem um crescimento rapidíssimo e provocarem o apodrecimento da superfície do caule e, também, atraírem cupins e outros insetos predadores que, iniciando seus ninhos nas tramas das raízes, acabam por atacar o caule matando ou provocando doenças na árvore. A figueira perde toda beleza ornamental, ainda mais que as folhas e ramificações da arácea abafam a brotação dos ramos e aceleram a morte da hospedeira.
GGR ainda acusa Roberto (que nos últimos tempos tinha graves problemas de vista) de estar vendo essa praga e deixá-la se desenvolver! Também defende os assessores que, mesmo enxergando tudo claramente, nada fizeram, chamando-os de “atentos e respeitosos do desejo de Roberto Burle Marx”.
Nesse item GGR incorre num erro – muito comum atualmente –, o de privilegiar não a Ecologia, mas um ecologismo piegas em detrimento do Paisagismo e, por conseguinte, de não entender o legado de Roberto. GGR considera que remover uma hemiepífita perigosa de uma árvore importante seja um atentado à ecologia!
No entanto, problemas ecológicos não se corrigem com paisagismo, mas com conscientização, legislação, diretrizes, fiscalização e educação.
As ações explícitas de Roberto em defesa da ecologia se esgotavam em suas conferências, escritos e protestos na mídia. Nunca houve, portanto, experiências ecológicas no Sítio. Ao contrário, vários ecólogos viam com reservas a retirada das plantas do habitat natural que Roberto praticava. Ele foi criticado neste aspecto, embora isso viesse a ocasionar, em muitos casos, talvez o salvamento de espécies botânicas da extinção. Em todo caso, não foi o paisagista, mas o homem Roberto Burle Marx – personagem público – que desempenhou um papel inestimável na defesa do meio ambiente.
Que ninguém se confunda: Roberto jamais se iludiu a ponto de achar que um jardim ou parque corrigisse ecologicamente alguma coisa. Parques e jardins são pontos, enquanto a ecologia trata de vastas áreas, como o cerrado, a caatinga, a Amazônia. A influência ecológica que um paisagista pode exercer é indireta e é assim que o paisagista RBM influenciava legiões, não criando jardins “ecologicamente corretos”. Explicando de maneira simples: ao fazer contato com a natureza ordenada pelo homem e para o homem o cidadão comum se sente bem, passa a gostar de plantas e, como consequência, a probabilidade de continuar poluindo e devastando o meio-ambiente se reduz. Roberto sempre nos dizia que era necessário conhecer as associações naturais das plantas, mas não para fazer cópias servis da natureza. Por isso ele não hesitava em usar árvores exóticas em seus projetos. Por isso a porcentagem de plantas do Brasil na coleção do Sítio não passa de 70%. Por isso o paisagismo do calçadão de Copacabana só conta com duas espécies nativas. Por isso, ainda, um dos jardins que mais fizeram sua fama foi o da Praça Euclides da Cunha, em Recife, onde recriou uma caatinga em plena região urbana, situada numa mata atlântica, privilegiando valores simbólicos e estéticos, embora rigorosamente antiecológicos.
O discurso fácil de um ambientalismo emotivo veiculado pela grande mídia é uma moda à qual leigos aderem sem raciocinar, mas não se espera isso de alguém que pretende ensinar paisagismo e criticar quem trabalhou 11 anos em projetos com Roberto, fez parte de sua equipe em muitas excursões botânicas e que era assessorado na gestão do SRBM por um atento Conselho composto por botânicos do calibre de Luiz Emygdio de Melo Filho e Nanuza Luiza de Menezes, assim como pelos paisagistas Fernando Chacel e José Tabacow e outras pessoas de destaque nas artes – Antonio Gabriel de Paula Fonseca – e no urbanismo – Augusto Ivan de Freitas Pinheiro.
Há um tipo bastante comum entre os admiradores de Roberto: aquele que o cultua, sem entender sua mensagem. Tais pessoas tendem a suprir essa falta com idolatria e preferem enxergar o Sítio, não como um lugar de experiências em paisagismo, como Roberto o definia, mas como um templo de exaltação à sua personalidade. Imaginam que Roberto doou seu Sítio para isso, pois é, talvez, o que elas teriam feito em seu lugar, ou melhor, para esse tipo de pessoa é inconcebível doar um Sítio para outra finalidade que não o culto da própria memória. Mas seguramente não foi este o motivo da doação. Roberto era muito maior do que isto. Ele ficava aflito ao pensar que os princípios de paisagismo que adquiriu e estabeleceu numa vida de trabalho contínuo fossem perdidos. Por isso seu principal legado trata da transmissão do conhecimento que ele acumulou sobre como fazer jardins.
GGR se inclui no tipo de admirador que, por não captar a mensagem, escolheu o caminho de, à vista de todos, bancar o defensor do Sítio, repetindo frases feitas, como as propaladas em revistas do tipo Casa & Jardim. Nesse afã, ele presta um desserviço à causa que pensa defender, pois despreza as orientações explícitas de Roberto em favor dos objetivos medíocres que consegue imaginar para atribuir a seu ídolo. Mas para manter a cultura é preciso assimilá-la e retransmiti-la. No caso presente, isso não será conseguido fazendo o que GGR pretende: engessar a vegetação do Sítio Roberto Burle Marx, o que, diga-se de passagem, é uma tarefa impossível. Transcrevo agora um trecho de um artigo meu, acessível na íntegra em TOMBAMENTO .
Os únicos patrimônios que podem ser mantidos fixos, no caso do acervo natural, botânico e paisagístico do Sítio Roberto Burle Marx, são imateriais ou intangíveis: os princípios de composição paisagística adotados e estabelecidos por Roberto, sua contribuição à ciência Botânica, a valorização estética da flora que existe nas nossas latitudes e o testemunho de seu imenso amor pelas plantas e pela vida. A fugaz materialização desses patrimônios em cada sucessivo aspecto da vegetação que compõe a paisagem do Sítio precisa ser constantemente atualizada, ou seja, reencontrada quando perdida, para garantir sua expressão em face das mudanças impostas pelos tempos. E a manutenção ativa desta expressão, com base nos princípios que presidiram sua gênese e foram alcançados ao longo de seu desenvolvimento, é a única forma desses patrimônios continuarem existindo. 

6. Deficiência visual. 
Contestando a falta do sentido da visão que Roberto padeceu, nos últimos tempos, para distâncias superiores a 10m, GGR oferece um depoimento pessoal originado durante uma visita que ambos fizeram a um jardim do próprio Roberto: “Ele via tudo! Sabia onde estava cada planta!” Ora, essa “prova” equivale àquela que alguém poderia alegar, negando a surdez de Beethoven: “Ele sabia das passagens de cada instrumento na Nona Sinfonia”.

7. Nomes populares. 
GGR aponta um erro num nome popular:
Há um erro nesta citação. Não é o belíssimo Syngonium podophyllum que no Brasil é chamado de pé-de-galinha, mas a Eleusine indica.
Cada planta tem um único nome científico. Isto não pode ser dito em relação a nomes populares, já que podem existir vários para a mesma planta, assim como o mesmo para várias plantas. Tais nomes variam segundo estados, cidades e até bairros. É o caso do pé-de-galinha que em Guaratiba designa as aráceas do gênero Syngonium. Nem mesmo os mais experimentados botânicos, por saberem que é impossível conhecer os nomes populares de cada lugar, entram em discussões deste tipo. Aliás, por isso foi criada uma nomenclatura científica. 

8. Excursão à Amazônia. 
GGR me calunia ao dizer que eu menti sobre minha participação na excursão botânica que Roberto empreendeu com uma equipe à Amazônia. Ele afirma, para piorar a imagem abominável que tenta criar para mim, que eu me atribuo méritos que não tenho. Mas que elementos GGR usou para chegar a essa afirmação? Ele escreve:
Uma das mais importantes expedições nas florestas do Brasil, Roberto Burle Marx a realizou em 1983, de 27 de setembro a 17 de novembro. Para esta expedição há um esclarecimento preliminar e importante a ser feito. Na verdade, diz o atual diretor do Sítio: "José Tabacow teve a ideia de refazer a jornada de Von Martius e me convidou para participar". Errado! Na página dois da publicação com os resultados da expedição estão os nomes de todos os participantes da expedição, incluindo o de José Tabacow, mas não há o do senhor Robério Dias. Talvez o senhor Robério Dias ignore que há um documento oficial da expedição, uma espécie de diário de bordo, e isso o levou a fazer a declaração que já reportamos anteriormente com o que se auto atribui um "mérito" que não tem, pois sua presença na expedição simplesmente não existiu. O Sr. Robério Dias, portanto, divulga em seu blog notícias completamente inexatas e infundadas.
Examinemos detidamente a quantidade e a qualidade dos erros contidos nessa acusação:
    ·       GGR deduz que o fato de eu afirmar ter sido convidado a uma excursão equivale à afirmação de que eu dela participei! Onde está a lógica desta dedução? Estamos diante de afirmação digna de um analfabeto funcional – aquele que lê, não entende o que leu e lhe atribui o significado que gostaria de ter lido.
    ·       Não há erro no que eu disse. De fato eu fui convidado para a expedição amazônica e até participei das reuniões preliminares, mas desisti de ir e nunca afirmei, nem teria por que afirmar, que fui à Amazônia na expedição de Roberto.
    ·       A expedição a que me refiro no trecho citado por GGR é a Expedição Von Martius, realizada em 1985. Os participantes foram José Tabacow, Gustavo Martinelli, Cynthia Chamas, Luiz Cancio, Laura Mourão e eu. Seguimos o mesmo caminho percorrido em julho de 1817 pelo grande naturalista alemão, entre Araçuaí e Januária, num percurso de mais ou menos 650km, totalmente no interior do estado de Minas Gerais, documentando a flora local e as mudanças ambientais ocorridas desde então. Os resultados foram apresentados numa exposição, em 1986, no Paço Imperial (casa de cultura pertencente ao IPHAN).
    ·       Apesar de, a princípio, não ter nada a ver com Roberto, esta excursão deu origem à doação do Sítio à Fundação PróMemória, conforme relatado em  DOAÇÃO 
    ·       GGR confunde duas expedições tão diferentes em datas, percursos, participantes e objetivos, que nos cabe duvidar: ele é tão confuso mesmo, ou fingiu que havia tomado uma pela outra, esperando que ninguém percebesse seu artifício? Tertium non datur.
    ·       GGR insinua que, por não saber que há um documento oficial que relaciona os participantes da excursão à Amazônia, eu menti para ganhar prestígio! Isso mostra que GGR me avalia segundo sua própria estatura moral.
9. Impropriedade da tese sobre o Sítio. 
GGR tenta criar uma lei ética para me condenar pelo tema que escolhi para minha tese. Eis o que ele diz em seu livro:
Na verdade, o Sr. Robério Dias elaborou, em janeiro de 2008, uma tese de doutorado em Geografia apresentando propriamente uma tese sobre Sitio! Grande elegância de comportamento! Se, quando eu era coordenador de doutorado em Projeto de Paisagismo, tivesse sido apresentado a um doutorando que tinha a intenção de "explorar" seu eventual local de trabalho para fazer a tese, eu teria sem sombra de dúvida energicamente dissuadido ele! Um mínimo de "elegância", para não dizer "ética", é necessário que haja sempre no mundo universitário, principalmente no enfrentamento desse passo principal - o doutorado - que pode abrir quaisquer caminhos subsequentes ao ensino. Não foi o caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Departamento de Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia.
A fantasmagoria, que GGR tenta implantar en passant no mundo real, não tem condições de existir, do contrário haveria um empobrecimento acadêmico notável. E o faz sem um único argumento, como se tratasse de algo estabelecido e notório! Mas como, se existem inúmeros exemplos de teses excelentes feitas sobre entidades diversas, por pessoas que trabalhavam nessas mesmas entidades? E frequentemente as pessoas que mais conhecem uma instituição são aquelas que as dirigem.
Sobre o tema, colhi o depoimento de um professor emérito da UFRJ, Dr. B. Ernani Diaz, catedrático em cálculo estrutural e ex-prefeito da Cidade Universitária:
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e outras universidades brasileiras promovem e incentivam a criação de teses sobre diversos assuntos técnicos, culturais, artísticos etc., com base em experiências vividas pelos estudantes já formados em atividades extracurriculares. Estas teses são até muito importantes para as atividades profissionais em geral, pois os alunos que possuem vivência profissional são mais aptos a desenvolver temas tratados previamente de forma rápida. Na vida acadêmica, os temas de tese propostos não conseguem ser desenvolvidos de forma completa e com resultados definitivos. Mas os alunos conseguem, na pesquisa posterior, desenvolver os temas já conhecidos, aprofundar os assuntos tratados, efetuar as pesquisas e depois escrever teses que servem de registro dos trabalhos efetuados academicamente. Estes estudos são feitos sob a orientação de professores que possuem geralmente um outro tipo de conhecimento capaz de incentivar os alunos a desenvolver os temas propostos. Todos saem ganhando com esta praxe: o país com a pesquisa efetuada, a especialidade da tese, a capacitação do doutorando e o aumento do conhecimento técnico, artístico ou cultural do orientador. Por outro lado, efetuar trabalhos acadêmicos em local de trabalho, deve-se comentar que este procedimento é comum no Brasil. A começar pela própria universidade brasileira, onde teses de profissionais empregados da universidade são preparadas em locais de trabalho e onde estudos especiais são feitos por contrato de firmas externas à universidade. Em outros casos funcionários de nível profissional da universidade desenvolvem temas de pesquisas acadêmicas enquanto trabalham no mesmo tema da tese preparada. Na engenharia civil são conhecidos casos de doutorandos que desenvolvem temas corriqueiros, efetuados por firmas de projeto, enquanto ainda trabalham na mesma firma. Em alguns casos a própria firma onde o doutorando trabalha promove a preparação da tese de doutorado. Existe até na UFRJ o chamado curso profissional de pós graduação, onde o enfoque é desenvolver temas profissionais de caráter mais prático do que teses de caráter mais acadêmico e teórico.
Portanto, não há nada de deselegante nisso, muito menos falta de ética. GGR pensa, talvez, que o assunto é propriedade particular dele e tem raiva de quem invade “seu” terreno.
É de se notar que ele tenta inventar uma lei ética absurda, aplicável a mim, mas não segue, ele mesmo, as leis éticas existentes que todos conhecem, como não falar mal pelas costas, não caluniar, não acusar sem provas, não fazer juízo temerário e não prestar falso testemunho.
GGR mais uma vez privilegia o que é menos importante em detrimento do mais importante. Em vez se preocupar com supostas “elegâncias” e etiquetas que só existem em sua mente, ele deveria se ater à essência de uma tese, pois não importa onde o doutorando trabalha, mas sim o conhecimento que a tese proporciona.
Mais adiante, dentro do mesmo assunto tese, ele insinua outras impropriedades, apoiando-se em informações colhidas na internet. Sugere até que a Universidade Federal do Rio de Janeiro, por seu Departamento de Pós-Graduação em Geografia, está implicada em falcatruas envolvendo financiamentos. GGR não vê limites para sua vingança.
Minha tese propõe a aplicação das modernas ferramentas de geoprocessamento para a gestão de uma área de patrimônio cultural paisagístico. Nela mostro como podem ser utilizados, de várias maneiras, tais recursos informáticos. Trata-se de matéria inovadora e o local onde pude testá-la na prática, por acaso é o Sítio Roberto Burle Marx. O que pode haver de censurável nisto? Só na cabeça de uma personagem mais preocupada com títulos e fofocas do que com os reais benefícios que possam advir de uma tese assim, principalmente tratando-se de uma área até agora insuficientemente conceituada como é a preservação paisagística de parques e jardins tombados.

10. Avaliação das ações de gestão do SRBM. 
Em minha tese apresento uma forma de justificar as ações de manutenção do Sítio, quantificando cada ação sob oito enfoques diferentes. Utilizemos um exemplo já mencionado no item 5 destes comentários – o da retirada do pé-de-galinha da figueira.
Para erradicar a nociva trepadeira foram observadas 8 formas de avaliação, segundo os seguintes aspectos ou eixos: botânico, ecológico, estético, horticulturista, experimental, econômico, educacional e institucional. Quem quiser detalhes sobre cada eixo, pode descarregar minha tese, clicando em TESE e ler o item 3.5.
GGR em seu livro condena a retirada da trepadeira com base em um único enfoque – o ecológico – e o faz de maneira errada, pois a ecologia não advoga pela convivência de plantas de continentes tão diferentes quanto América (Syngonium podophyllum) e Asia (Ficus mysorensis). Mas, raciocinando pelo absurdo, vamos imaginar que ecologicamente fosse mais adequado manter o singônio escalando a figueira. Ainda assim não valeria a pena, pois os prejuízos que saltam aos olhos quando avaliamos a questão pelos demais aspectos, não deixam dúvida alguma de que foi necessária sua retirada:
  • Em termos botânicos, há singônios em várias outras partes do Sítio, portanto não houve prejuízo para a coleção.
  • Em termos estéticos, nem se fala, pois a figueira, depois que suas raízes ficaram à mostra, tornou-se talvez a planta mais fotografada do Sítio. Mesmo que fosse verdade que a beleza está nos olhos de quem a vê, é possível extrair alguma objetividade disso contando quantas pessoas já elogiaram determinada coisa ou ser. GGR, pelo que temos notícia até o momento, foi a única pessoa na história da humanidade que se referiu ao singônio como “belíssimo”.
  • Em termos horticulturistas, é um erro indiscutível arriscar um dos espécimes mais importantes, único no Sítio, para favorecer o que, nesse caso, é uma verdadeira praga.
  • Experimentalmente falando, não se pode decidir pela manutenção do singônio, pois entre as experiências praticadas no Sítio não constam aquelas do tipo que visam reinventar a roda.
  • Em termos econômicos é preciso levar em conta o risco de um prejuízo enorme, caso a manutenção do singônio matasse a figueira, conforme já advertido com ênfase pelo Dr. Carauta.
  • Em termos educacionais, não convém passar uma mensagem deseducativa, como era a situação pontual vigente no Sítio antes da retirada do singônio.
  • Finalmente, com relação às missões institucionais do SRBM (ver minha tese, item 3.5.8), a retirada do pé-de-galinha está de acordo com pelo menos 50% delas, enquanto sua manutenção, escondendo e pondo em risco a figueira, não concorda com nenhuma.
GGR adjetiva esse método de avaliação múltipla, por mim proposto, como “ingênuo” e “banal”, mas não explica o porquê, ou seja, como não tinha argumentos, xingou.
Sabemos que avaliações tendem a ser, em última análise, subjetivas – e é assim que são feitas atualmente, senão em todos, na grande maioria dos jardins do mundo –, mas a forma apresentada em minha tese minimiza o lado negativo desta tendência, tornando o julgamento o mais objetivo possível. Listar e exigir avaliações segundo os enfoques principais diminui a probabilidade de incorrer em erros clamorosos como, por exemplo, o de GGR ao preconizar a manutenção de uma praga talvez fatal para uma árvore importante.
Diz-se que o pior cego é aquele que não quer ver. Mas isso decididamente não se aplica a GGR em relação à minha tese. Ele não a entendeu mesmo. Caso contrário, não teria afirmado em seu livro:
É por isso que o que o senhor Robério Dias diz sobre a adequação do que foi feito no Sítio de 2001 a 2007 é falso! Um rápido exame do processamento que fiz nos dados originais [de sua tese], e que resumi em dois documentos, indica que quase nenhum dos tipos de ações realizadas no Sítio apresentou resultados negativos!
Ora, mas o que esperava GGR? É óbvio que as ações avaliadas negativamente, não foram empreendidas! Seria loucura chegar à conclusão de que uma ação não deveria ser feita e, mesmo assim, executá-la. É óbvio também que as ações que não foram empreendidas não figuram na lista das ações empreendidas! Ou será que ele esperava que listássemos o que fizemos e o que deixamos de fazer? Isto seria tão útil quanto elaborar um inventário que incluísse tanto as plantas que existem quanto as que não existem no Sítio!
Fica claro, após esse tipo de dedução, que GGR foi incapaz de raciocinar com clareza!
Mas GGR não para! Mais adiante ele se espanta com outra de suas descobertas:
Quase tudo o que foi feito aumentou, portanto, o valor da situação posterior! Até o Sítio alterou o valor da situação posterior em comparação com a situação anterior, em mais de sessenta por cento!
Quer dizer, ele acha que a soma das porcentagens das alterações de partes de um todo equivale à porcentagem da alteração do todo!
É admissível que um professor universitário raciocine desse modo? Acredito que em nenhum lugar do mundo. Mesmo para professores da escola primária, é necessário um mínimo de noções aritméticas.

11. Crítica às minhas propostas. 
GGR procura desmerecer as propostas que apresento, em minha tese, para o aproveitamento do grande potencial do SRBM ainda desconhecido do público. E não esconde sua má vontade ao analisá-las.
  • Teleférico. 
GGR é contra. Ele alega que há um sentido para a visitação do público, dizendo que o Sítio deve ser visto de baixo para cima, ou seja, em sentido contrário ao que um teleférico ensejaria. Porém nunca houve tal sentido quando Roberto era vivo. Aliás nesse tempo nem havia visitação pública ao Sítio. Seus convidados para os lautos almoços dos domingos – que até 1994 constituíram aproximadamente 99% do total dos visitantes – seguiam direto para a casa de Roberto, que fica na cota 30m. Depois do almoço iam todos visitar alguma parte ou plantas que ele estivesse interessado em mostrar. Nada além disso. Portanto falar em sentido de “leitura” do sítio não tem sentido algum.
A proposta de um teleférico visa mostrar partes do Sítio que até hoje estão ocultas do público e que merecem muito ser conhecidas. Eu diria até que são imperdíveis, se não estivessem quase inacessíveis, a 120m de altitude – o equivalente a um prédio de 40 andares. Mas como levar os visitantes até lá sem criar um tráfego de veículos que seria totalmente incompatível com a carta de Florença? A solução me foi inspirada pelo museu Guggenheim, de Frank Lloyd Wright, onde aos visitantes é facultada a subida de elevador ao último andar, para descer num suave declive enquanto apreciam as obras até o nível da entrada.
Nós já tínhamos a parte mais cara dos elementos necessários para tanto: o declive e as obras. Só faltava o elevador. Traduzindo: o declive é a sólida estrada construída por Guilherme Siegfried Marx, irmão e sócio de Roberto; as obras são as plantas incríveis e as geniais composições que Roberto espalhou ao longo da estrada; o elevador, no caso, seria o teleférico. Este teria mais uma função, além da do elevador do Guggenheim: mostrar a vista deslumbrante que se descortina da baía de Sepetiba, uma visão quase inédita. Mais uma vantagem: tirar do Sítio o estacionamento que quase não comporta os carros de visitantes cada vez mais numerosos, já que a estação inicial do teleférico ficaria do outro lado da estrada, num terreno independente, onde há bastante espaço.
  • Novos Sombrais. 
GGR condena meu projeto de otimização dos sombrais:
Parece-me que tal estrutura, por mais responsiva que seja a algumas das necessidades do Sitio, está bastante fora de escala e, por essa razão, fora de lugar. Altera, e em uma medida decisiva, as condições internas da área inferior do Sitio, modifica significativamente a visão desta área a partir da casa principal - tornando-a muito visível, enquanto que agora é, a partir deste ponto de observação, quase escondida pela vegetação.
Quanto a estar “fora de escala”, não pode haver opinião mais subjetiva do que uma afirmação deste tipo. Eu digo que não está fora de escala, e daí? Elevar uma cobertura, que tem 14.000m², em 3,5m é, em termos físicos, quase imperceptível. GGR se arvora em árbitro e, mais uma vez, utiliza apenas um enfoque – nesse caso, o estético – para avaliar a ação. Mas há muitos outros enfoques que deveriam ser levados em conta. Quem quiser saber das razões e justificativas para a reforma dos sombrais do Sítio, pode clicar em SOMBRAIS .
Quanto a modificar “significativamente a visão desta área a partir da casa principal”, isto definitivamente não aconteceria, pois quaisquer visões entre casa e sombrais estão bloqueadas pelas árvores existentes entre as duas estruturas. Com esta afirmativa, GGR deixa claro que não conhece o Sítio. Também pudera, ele deve tê-lo visitado muito pouco. Como já dissemos, desde a visita de 1997 até a data em que deixei de ser diretor, em dezembro de 2011, ele não foi lá nenhuma vez.

12. A destruição do Sítio. 
Ao longo de seu livro GGR se refere negativamente ao aspecto do Sítio muitas vezes. Ele diz que o Sítio está "excessivamente limpo" e “com um sentimento geral de negligência”(!?), que “é tão maltratado”, que lá há “tentativas repetidas e desajeitadas de fazer o Sítio parecer cada vez mais um playground”, que "está ficando mais pobre" e que passa por uma “devastação”, que sofre “um massacre feito com desinteresse geral”, que “mudanças radicais e destrutivas estão ocorrendo no Sítio” etc. etc. etc.
A opinião de GGR está em oposição à de muitas pessoas e entidades:
  • Técnicos do IPHAN. Por várias vezes tive pareceres favoráveis ao longo de um processo que anonimamente foi movido contra mim.
  • Guide Michelin. Na primeira vez em que o mais famoso guia turístico do mundo visitou algum lugar fora da Europa e da América do Norte, apenas 19 lugares em todo o estado do Rio de Janeiro receberam a cotação máxima de 3 estrelas, dentre os quais o SRBM. Conferir em GUIDE ;
  • Visitantes. A cotação do Sítio, segundo a avaliação espontânea dos visitantes no Google Business, há muitos anos mantém a média de 4,8 num máximo de 5.
  • Delegação da UNESCO. Em 9 de dezembro de 2009, uma delegação da UNESCO visitou o Sítio e a reação dos técnicos foi muito favorável à sua inclusão no Patrimônio Cultural da Humanidade – processo que está em vias de se concluir em 2020.
  • Em 1º de abril de 2010, o diretor-geral assistente para a cultura da Unesco, Francesco Bandarin, visitou o Sítio e fez questão de fotografar e ser fotografado junto às raízes da figueira em questão no item 5.
  • Em 23 de agosto de 2011, a designer e paisagista Petra Blaisse e o arquiteto Rem Koolhas e  estiveram no Sítio e ficaram satisfeitos com o que viram.
  • Em 2009, o arquiteto Daniel Liebeskind interrompeu sua visita para buscar a filha no hotel por considerar imprescindível que ela visse o Sítio também.
  • Etc. etc. etc. Não tenho em mãos o livro de visitantes do Sítio que está cheio de elogios, mas a lista é grande.
Isso quer dizer que, desde um público de leigos até os maiores nomes internacionais, a esmagadora maioria aprova as medidas que tomei durante minha gestão. Seria o caso de contrapor estas opiniões à de GGR.
Examinemos se GGR entende de paisagismo. Em seu livro ele afirma:
O trabalho do paisagista é, ou deveria ser, sempre uma operação delicada que visa se aprofundar no caráter profundo dos lugares, não uma operação de cirurgia, que mesmo pretendendo ser cirurgia estética ainda é cirurgia! Tudo é usado para justificar o comportamento de alguém. Na verdade, a referência a Michelangelo Buonarroti serve ao Sr. Robério Dias para afirmar que podas, transplantes e erradicações, que alterem a condição física das entidades e de sua percepção espacial, são necessários o tempo todo. É verdade, mas não passa pela mente do Sr. Robério Dias que "transplantes", "erradicações" e razões de "percepção espacial" etc., são todas as operações que o projetista faz e não o administrador? Quando Roberto Burle Marx fez essas operações, é claro, nenhum de nós tinha nada a que se opor. Mas o Sr. Robério Dias foi colocado no comando do Sítio, não ao seu redesenho, ele deve preservar o Sítio, não transformá-lo!
Novamente, quantos erros em quão poucas linhas de texto! GGR desqualifica, logo na primeira frase, Andrè le Notre, Capability Brown e Roberto Burle Marx, no mínimo! Quais seriam as razões que GGR encontrou para achar que Versailles, Blenheim Park e o Aterro do Flamengo foram o resultado de “operações delicadas”? GGR não admite nem uma “cirurgia estética” e, assim se torna um campeão da delicadeza paisagística.
Mais adiante ele confunde o fazer paisagístico com o arquitetônico, ao recomendar, com outras palavras, que o administrador do Sítio deve manter a natureza imobilizada. Parece desconhecer que as plantas nascem, crescem, invadem, se multiplicam e morrem, modificando os microclimas, escondendo as vistas, matando umas às outras etc. etc. etc. Ignora que, em vista dessas modificações, é necessário decidir a cada momento o que fazer e que, na falta do autor do projeto, alguém tem que fazer isso, de preferência com base nos mesmos princípios paisagísticos que o autor do projeto adotava.
Quanto ao princípio atribuído por GGR a Roberto, de que “um jardim é belo quando não é muito mantido”, não reconheço esta declaração como autêntica de Burle Marx. Não há nada semelhante em nenhuma outra entrevista, conferência, documento ou documentário que eu tenha conhecimento. E muito menos a prática de Roberto corrobora tal afirmação. Toda vez que ele recebia seus convidados, fazia questão que tudo estivesse muito bem cuidado. E era exigente quanto a isto. O mesmo se passava com relação aos projetos de sua autoria. Ficava feliz ao vê-los bem cuidados e muito chateado caso não estivessem. Essa suposta declaração, feita exclusivamente numa entrevista a GGR, é, pois, muito suspeita.
Mais adiante pode-se ler em seu livro:
Na verdade, o Sr. Robério Dias lembra que Roberto Burle Marx adorava repetir que "o jardim é a natureza ordenada pelo homem e para o homem". Certo que Roberto Burle Marx disse isso! Ele disse isso para os "jardins" não para o Sítio! Não ocorreu ao atual diretor do Sítio, ao escrever o que relatou, que Roberto Burle Marx também disse que ele, que havia projetado tantos jardins, não tinha um para si mesmo! E ao dizer isso ele estava se referindo ao Sítio, que, na cabeça de Roberto Burle Marx não era um jardim, era algo diferente e muito mais, era um laboratório ao ar livre!
E quais seriam as experiências praticadas nesse laboratório ao ar livre? Algo relativo à cura do câncer? Fusão a frio? Não, nada disso, mas parece que GGR deve estar pensando em algo do gênero. Alguém precisa avisar a ele que as experiências que Roberto fazia no seu Sítio eram todas sobre jardinsE podem ser divididas em dois tipos:
  • Aclimatação das plantas selecionadas por seu potencial paisagístico, que eram trazidas de outros ecossistemas, nas excursões. O indicador de sucesso nesse tipo de experiência não era conseguir que a planta sobrevivesse à mudança de habitat, mas sua multiplicação no Sítio, isto é, a planta era considerada aclimatada quando conseguia se reproduzir.
  • Depois de verificado o sucesso no primeiro tipo de experiência, as plantas multiplicadas eram usadas em associação com outras, num ensaio estético que também visava desafogar os sombrais, testá-las em outro lugar do Sítio e maximizar a probabilidade de não perdê-las, por tê-las em mais de um lugar.
Só depois desse período experimental duplo é que Roberto começava a incluí-las em projetos. Ele considerava essa função a mais importante do Sítio, pois assim o definia: “O Sítio é o meu lugar de experiências em Paisagismo”.
Em vista do exposto acima, torna-se evidente que a manutenção do Sítio não pode ser a de um jardim imobilizado, como preconiza GGR, pois muitas plantas dos sombrais ainda se encontram em situação experimental do primeiro tipo e podemos considerar que todas as demais estão no segundo. Este só termina se a experiência falhar, ou seja, enquanto a planta está funcionando bem, continua observada, já que algumas de suas características podem se revelar muitos anos depois de plantadas. Exemplos: Hibiscus tiliaceus, Bauhinia blakeana etc.
GGR entra em contradição em seus próprios termos, pois uma verdadeira manutenção do Sítio não pode ser superficial como ele pretende - uma que se dedique a manter apenas a aparência -, mesmo que isso fosse possível. Conservar este legado de Roberto inclui reconhecer sua função principal, que não pode ser simplesmente evitada – a prática que tornou o Sítio único, que foi seu mecanismo constitutivo, motor de seu desenvolvimento e razão de sua existência.

13. Podas, um espantalho criado por GGR. 
Em discussões existe uma técnica falaciosa usada geralmente por quem não valoriza a honestidade intelectual. É a chamada Técnica do Espantalho: consiste em encenar, à vista de todos e com toda a veemência possível, a destruição de um argumento necessariamente indefensável, ad hoc construído e falsamente atribuído a seu oponente. Com isso o espertalhão espera forjar, nas pessoas mais distraídas, a impressão de que se ele está certo nesse ponto, deve estar também no resto.
É exatamente isso que GGR tenta fazer ao me atribuir a mania de podar a vegetação. Mas, na verdade, todos os que aprenderam com Roberto somos totalmente contrários a essa prática pelos motivos descabidos que GGR apresenta em seu livro. Podas no Sítio foram feitas quando indicadas por nosso fitopatologista ou, no caso de trepadeiras, quando se estendiam para além dos limites desejáveis.

14. Futuro. 
Com relação à visita do bilionário português Joe Berardo e um possível patrocínio para a criação do Parque Roberto Burle Marx, em frente ao Sítio, GGR deflagra um alarme desnecessário. Ele diz que a intenção do interessado era se apoderar de todo o Sítio, enganando a todos nós. Ora, o Sítio é uma entidade tombada pelo patrimônio federal e estadual e, portanto, jamais poderia ser vendido ou transferido. A mera suposição de que o IPHAN pudesse ser enganado implica considerá-lo uma instituição inepta.
A ideia se restringia à uma parceria para a criação de um parque, em área de 400.000m² independente do Sítio, nada mais. Um estudo preliminar do Parque Roberto Burle Marx, acompanhado da descrição e justificativas, pode ser visto em PROJETOS .

15. Processo. 
GGR vasculhou o processo em que fui absolvido. Nesse ponto ele dá mostras de que quer, não só apontar erros na minha gestão e tese, mas de que seu ódio contra mim chega ao ponto de tentar me destruir profissionalmente.
O grande paisagista inglês Humphry Repton dizia que: "A arte do paisagismo é a única arte que todos professam entender, e mesmo praticam, sem haver estudado seus rudimentos." É verdade, nunca faltam leigos para criticar qualquer projeto de parque ou jardim.
E, quando se trata de um jardim tombado, dificilmente os que se consideram experts em patrimônio cultural deixam de tentar aplicar nele os procedimentos já estabelecidos para obras de arte estáticas e de arquitetura. A dinâmica peculiar da vida, ao ser declarada digna de conservação para a posteridade, torna-se complexa demais para tais críticos e, provavelmente por preguiça mental, em vez de trabalhar novos conceitos, eles preferem usar aqueles que já possuem, mesmo que não funcionem no novo ambiente, mutável o tempo todo. Acho que esta é a pedra fundamental sobre a qual o processo contra mim foi deflagrado.
Outros vetores concorrem, um dos quais o da insatisfação provocada em alguns pela doação que Roberto fez do Sítio ao PróMemória (atual IPHAN).
Mais um: a histeria ambientalista que proíbe a retirada de árvores, mesmo que sejam clandestinas e estejam conspurcando um jardim tombado, onde nasceram espontaneamente e ninguém se deu ao trabalho de arrancá-las ou transplantá-las logo no início, quando ainda eram plantas pequenas.
Essa conjugação de vetores, agregada ao sensacionalismo de uma imprensa sempre sequiosa de escândalos, podem causar muito aborrecimento em alguém que esteja cuidando conscienciosamente de uma área em condições parecidas com as do Sítio. Fazer com que a verdade finalmente prevalecesse foi trabalhoso.
Durante os 16 anos em que permaneci diretor, foram frequentes as denúncias infundadas, as reportagens que exigiam resposta, os comparecimentos ao Ministério Público, as explicações à Justiça, tudo isso para me distrair da minha missão no SRBM.
Finalmente, a justiça foi feita e o resultado foi bom. Poderia ter sido melhor, se depois do processo, houvesse uma discussão, dentro do IPHAN, sobre os conceitos que propus para compreender e classificar o Patrimônio Cultural.
Visando acabar de vez com a falta de consenso sobre a matéria, investiguei a confusão e concluí que a raiz de todos os erros é a classificação vigente, erradamente baseada na dicotomia material/imaterial. A necessidade de trabalhar sem sobressaltos me moveu em direção a um modelo mais aproximado da realidade, que prevenisse futuros processos e não deixasse de fora, como o atual, as obras paisagísticas. Acho que o modelo encontrado por mim resolve de vez estas questões. Veja-o em MODELO 
Voltando ao assunto principal, GGR até publicou em seu livro toda a cronologia do meu processo – coisa que nem eu mesmo jamais vira –, mas ele não teria necessidade de tocar neste assunto já resolvido se estivesse preocupado apenas com o Sítio.

16. Conclusão.
GGR não vê nada de positivo nas mudanças incorporadas ao Sítio, necessárias por deixar de ser propriedade privada e se tornar um local de visitação pública, que talvez esteja às vésperas de se tornar patrimônio cultural da humanidade. Em vez disso, apenas críticas raivosas, desonestas e mal formuladas.
Pelo que escreveu, descobrimos que ele não conhece o Sítio, não entende o que Roberto fez e nem sabe suficientemente o que é paisagismo.
Concluímos que, ao contrário da impressão que pretende produzir, GGR não é um defensor do Sítio, mas alguém que quis se embelezar acima de quaisquer escrúpulos.

Muito mais poderia ser dito, mas, restrito aos poderes de um artigo publicado em blog em tempos de pandemia, espero que GGR esteja suficientemente desmascarado.

P.S.

Um comentário:

  1. Salve,Robério!
    Achei sua argumentação primorosa.
    Digna da mente privilegiada que conheci e aprendi a respeitar.
    Um abraço fraterno.


























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